Por que os vinhos feitos aos pés do vulcão Etna estão entre os mais cobiçados da Itália

Por que os vinhos feitos aos pés do vulcão Etna estão entre os mais cobiçados da Itália

Produtores como Davide Bentivegna, da Etnella, têm produzido rótulos elegantes e de grande longevidade no terroir vulcânico.

Houve um tempo em que a região aos pés do vulcão Etna, na Sicília, era conhecida pelo volume de sua produção de vinhos, mas não necessariamente pela qualidade. No auge, havia mais de 40 mil hectares de vinhedos, vários deles em zonas menos favorecidas para a produção. Mas a situação mudou. Houve uma importante guinada para a qualidade e hoje a denominação tem apenas 1.200 hectares reconhecidos. Tanto os tintos quanto os brancos estão entre os mais cobiçados da Itália. reconhecidos. Tanto os tintos quanto os brancos estão entre os mais cobiçados da Itália. E começam a ganhar espaço também no portfólio das importadoras que atuam no Brasil.

Do ponto de vista climático, , a região é muito especial. Além de altitudes entre 400 e 1000 metros, que contribuem para a boa maturação das uvas, há uma boa variação térmica diária, com dias mais quentes e noites mais frias. A luz do Sol é refletida nas rochas do solo, contribuindo para que as uvas alcancem uma boa maturação. Há certa influência marítima, além de ventos da montanha. O clima é diferente do resto da Sicília, e há diferentes terroirs (ou “crus”), sendo os mais valorizados aqueles localizados na região norte. 

Os vinhos lá produzidos são elegantes, com boa acidez e enorme potencial de guarda. São comparados por alguns críticos aos grandes rótulos feitos na Borgonha, na França. 

De acordo com a DOC (Denominação de Origem Controlada) de Etna, os vinhos tintos devem ser produzidos com ao menos 80% da variedade local Nerello Mascalese, com adições de Nerello Cappuccio (não mais de 20%) e até 10% de uvas não-aromáticas, incluindo variedades brancas. Para a produção dos brancos, são exigidos 60% da uva branca autóctone Carricante, até 40% da também local Catarrato, e no máximo 15% de outras uvas não aromáticas. Para o Bianco Superiore, a Carricante deve compor 80% do blend.

Com o crescimento do interesse do mundo pelos vinhos feitos aos pés do Etna, mais produtores estão sendo notados. É o caso de Davide Bentivegna, responsável pela Etnella, que esteve no Brasil no final de 2024 para apresentar seus rótulos. Bentivegna conta que produz na região há muito tempo, usando técnicas ancestrais que remontam à vinificação feita pelos antigos gregos e, posteriormente, romanos. Aos poucos, foi comprando lotes de terra quando o Etna era menos valorizado. “Enquanto alguns compram carros esportivos, eu comprei hectares de terra”, diz. Hoje, tem oito hectares em diferentes terroirs e produz 20 mil garrafas por ano, 90% de vinhedos próprios e apenas 10% feitas com uvas de agricultores parceiros.

Seu objetivo é preservar as características naturais das uvas da região. Seus vinhedos são antigos, alguns datados de 1918, e outros anteriores à chegada da phylloxera, praga que devastou os vinhedos europeus no século 19. Produz seus vinhos de forma natural, valorizando a biodiversidade local. “Tento fazer o melhor vinho em cada safra”, conta ele. Isso significa lidar com anos melhores e outros nem tanto. “A busca pela perfeição, que alguns podem entender como uma tentativa de chegar perto de Deus, pode ser entediante. Prefiro dar chance para a natureza nos surpreender”, afirma Bentivegna.

E a natureza, de fato, é generosa com os produtores locais. Embora o vulcão seja ativo, há poucos riscos diretos. Um deles é a chuva de chuva de cinzas, que pode prejudicar a qualidade dos frutos. “Mas o Etna é benéfico para nós. E é um show quando está ativo”, brinca o produtor.

O problema, como costuma acontecer com os grandes vinhos, é o preço. O rótulo mais barato da Etnella, o Artigiano Rosso, custa R$ 564. O mais caro, Kaos Rosso 2020, custa R$ 1.128. Os dois, junto com outras opções, entre tintos, brancos e um laranja, da Etnella são importados pela Vinci, marca da Mistral. 

Outros produtores, conhecidos pelo trabalho em diferentes regiões da Itália, também estão de olho em terras aos pés do vulcão. Angelo Gaja, principal nome do Piemonte, reconhecido por colocar o Barbaresco entre os grandes vinhos do mundo, tem um projeto de enorme qualidade na Sicília. São dois rótulos, Idda Etna Bianco e Idda Etna Rosso, ambos importados pela Mistral, vendidos por R$ 988 cada.

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